Hoje contamos mais uma vez com a colaboração dos amigos empresários e viajantes Jorge Santana e Eloísa Galdino, atual secretária de Estado da Cultura de Sergipe, que compartilham conosco sua recente aventura em Bogotá, na Colômbia. O post está repleto de boas dicas. Vamos para a América!!! Boa viagem!
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Motivados pelos vários relatos que pipocam nos mais diversos blogs, inclusive o de Paula Dantas aqui no A Gente Viaja, escolhemos Bogotá como destino para uma curta temporada de 4 dias, que deveria ter ocorrido em outubro mas, por problemas operacionais (esqueci o passaporte e não consegui embarcar com a carteira de motorista porque os colombianos não a reconhecem como documento de identidade oficial), terminou por acontecer no primeiro final de semana de março.
A motivação também tem relação com o nosso desejo de conhecer um pouco mais da chamada América Espanhola, nos desnudando de preconceitos que muitas vezes nos levam até destinos mais distantes e à desvalorização de lugares mais próximos e interessantes, impregnados por uma diversidade decorrente do doloroso processo de contato do europeu com os povos pré-colombianos, a partir do início do século XVI.
Começando: traslado, moeda, hospedagem
Chegamos em Bogotá por volta do meio-dia de uma quinta-feira (horário local, 2h de fuso horário a menos) pela Avianca. Avião novo, vôo tranquilo, bom serviço de bordo. O desembarque foi no novíssimo aeroporto internacional El Dorado e os procedimentos de imigração dentro da normalidade.
Passando por uma casa de câmbio, constatamos ter cometido um erro elementar: compramos moeda no aeroporto de Guarulhos pagando 650 pesos colombianos por Real, enquanto aqui estava cotado a 900 pesos (nunca devemos esquecer que vivemos no país onde impera a Lei de Gerson). O trajeto até o hotel GHL Hamilton fizemos de táxi, que cobrou 25 mil pesos (estranho como Chile e Colômbia, mesmo após domarem a inflação, insistem em não cortar 3 zeros das suas moedas).
O hotel foi uma escolha acertadíssima (graças a recomendação de um dos posts do blog Viaje na Viagem, de Ricardo Freire): o GHL Hamilton Court é moderno, clean, com apartamentos tipo suíte e café da manhã satisfatório (reserva feita, como sempre, pelo booking.com e diária média de R$ 300,00). O melhor, contudo, é a localização, incrustrado no coração da badalada Zona Rosa, a poucos metros da Zona T, onde as noites fervem na capital colombiana. Uma observação que vale para o hotel e para todos os bares e restaurantes que frequentamos: o atendimento é nota 10.
O imperdível
Embora o propósito deste post seja destacar a fantástica nightlife de Bogotá, uma vez que outros aspectos do destino já foram tratados por aqui, vale mencionar o roteiro convencional que todos devem fazer: subir de teleférico a Monserrate (3.200m de altitude) de onde se tem uma vista panorâmica da cidade e dois charmosíssimos restaurantes; bater perna pelo Centro Histórico, com visitas aos museus Del Oro (conta a trajetória da civilização colombiana através de milhares de peças de ouro e de cerâmica); o Botero (as obras do próprio Fernando Botero e seu rico acervo não podem deixar de ser vistos) e ao belo conjunto arquitetônico do Centro Cultural Gabriel Garcia Márquez (na fresca varanda do modernoso restaurante El Corral tomamos um tinto e petiscamos, e em seguida tomamos um café no Juan Valdez, o equivalente do Starbucks da cidade).
Também vale destacar, do ponto de vista geral, a organização da capital colombiana, principalmente no que diz respeito à segurança, item que por muito tempo afastou turistas do mundo todo daquela cidade. Bogotá hoje é uma cidade segura, com ares cosmopolita, atmosfera moderna e com uma politica de turismo bem executada ao ponto de posicionar o País como a novidade da América Latina.
Transporte: o inusitado
Permitam-me abrir parênteses para falar sobre uma inusitada “atração” da cidade: seus minúsculos taxis amarelos (modelos ultracompactos, principalmente da Hyundai). Em meio a um trânsito mais caótico do que aqueles que estamos acostumados (a cidade não tem metrô e o transporte do tipo BRT já não dá conta da demanda), os taxistas levam você a uma emocionante aventura.
Eles “costuram” e buzinam ensandecidamente, fazendo você se sentir em uma tomada cinematográfica. Quem não estiver apto a viver fortes emoções, melhor evitar os táxis e, por via de consequência, a cidade. Aqueles que, como eu, curtem alugar carro, em Bogotá, nem pensar!
Enfim, a noite!
Mas vamos ao que interessa, a famosa noite da cidade. A ferverção acontece na Zona Rosa e já na quinta-feira a movimentação era grande, embora os ambientes estivessem mais comportados. Na sexta-feira é quando o agito começa. Quando saímos do hotel, por volta das 21h, as ruas já estavam cheias e os bares começando a lotar.
Escolhemos aleatoriamente o Colômbia Pub, que não cobra entrada, logo conseguimos uma mesa e uma hora depois todos estavam dançando ao som de um VJ que tocava 90% de música colombiana. Comprovamos depois que essa é a tradição: eles até tocam hits internacionais, mas apenas um aqui, outro acolá, ou seja, os colombianos curtem mesmo os seus ritmos musicais (uma mistura de influências africanas, nativas e espanholas).
Quando saímos do pub, quase em frente encontramos uma casa cubana com música ao vivo (cubana, naturalmente) e ali ficamos, depois de pagar 10 mil pesos para entrar. O agito era total e, entre um mojito e outro, ficamos até a noite acabar (3h da manhã em ponto, todos os estabelecimentos encerram suas atividades, sinal de modernidade que, esperamos, um dia chegue ao Brasil).
Propositalmente deixamos a noite do sábado para o badaladíssimo Andrés DC, que também fica na Zona Rosa, a casa noturna do celebrado Andrés Carne de Rés. São 4 pisos tematicamente decorados: o Inferno, a Terra, o Purgatório e o Céu, tão originais que é muito difícil descrever.
Centenas de pessoas ocupam as mesas e todos os espaços, sobretudo nas noites de sábado, em meio à correria dos jovens garçons a transportar pedidos do cardápio, que é uma atração à parte: são dezenas de drinks e outra centena de petiscos, o que torna o cardápio uma atração da casa.
No Andrés DC a música é eletrônica e, como disse, predominantemente colombiana, dançante, contagiante. Quando chegamos, por volta das 23h, a muvuca já estava instalada e somente no ambiente Terra conseguimos um pedaço de balção para nos instalar. O Inferno era o mais animado, mas no fim da noite a alegria estava concentrada no Céu.
Varandas a céu aberto acolhem os fumantes que precisam vencer o frio para alimentar seu vício. O público tem larga faixa etária, creio que entre 25 e 55 tem-se a melhor amostra. Enfim, um lugar indescritível, daqueles que só indo, e voltando outras vezes. A decoração é uma mistura de cores e influências as mais diversas e original até nos banheiros da casa.
Como nem tudo é perfeito, e apesar da máxima “quem converte não se diverte”, chama atenção em Bogotá os elevados preços praticados por bares e restaurantes. Uma cerveja custa em média 10 mil pesos (R$ 12,50), um drink 20 mil pesos (R$ 25,00) e assim por diante. No Andrés DC, os preços são mais altos ainda.
No domingo, caminhamos do hotel até o Parque de La 93, outra badalada área de concentração de bares e restaurantes, e de lá seguimos de táxi para Usaquén, bairro charmoso onde acontece uma feira de artesanato, antiguidades e bugingangas em geral que vale a pena visitar, sobretudo pela possibilidade de conhecer um pouco mais do comportamento e da cultura dos hermanos colombianos.
No mais, está confirmado: Bogotá é a novidade da América do Sul e, de quebra, ainda oferece um clima agradável o ano inteiro, com temperaturas variando entre 10 e 20ºC, graças a sua privilegiada localização nos Andes. Da próxima vez, a intenção é conhecer Medellin e Cartagena, sem abrir mão de voltar a passar ao menos duas noites na capital da noche caliente.
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